Foz e Ciudad del Este, as curiosidades que os números trazem

Há muitas semelhanças entre as duas cidades de fronteiras. Mas há também diferenças gritantes.

Divulgado o número de eleitores habilitados a votar nas eleições para prefeito de Ciudad del Este, no dia 5 de maio:  204.783.

Em Foz, na eleição de 2018, estavam aptos 178.270 eleitores. 

Os números são proporcionais à população. Enquanto Foz tem 258.824 habitantes (projeção do IBGE para 2018), Ciudad del Este tem 301.815 (projeção do congênere paraguaio, DGEEC, para 2019).

Sabe qual é a grande diferença? A população da capital do departamento de Alto Paraná aumenta a cada ano; a de Foz, diminui.

Em 2010, quando foi feito o último Censo do IBGE, moravam em Foz 253.962 pessoas. De lá para cá, o crescimento do número de moradores foi de apenas 1,06%.

Ciudad del Este tinha 274.340 moradores em 2010, número que cresceu 10% até chegar à população atual, na previsão do DGEEC.

De um lado, melhor para Foz. Com uma população estável ou que cresce pouco, é mais fácil atender às carências de educação, moradia, saúde e transporte, por exemplo. De outro lado, significa que a cidade não é mais atraente para quem busca oportunidades.

Perda populacional

Ao contrário, há um pequeno êxodo, que deve se acentuar nos próximos anos, de acordo com estudo feito pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social – Ipardes, do governo do Estado.

A projeção do Ipardes é que, até 2040, Foz perderá 15,6% de sua população e terá, então, apenas 219.207 habitantes.

O próximo Censo do IBGE, em 2020, poderá confirmar ou não esta tendência. Mas a previsão do IBGE já aponta que o crescimento está sendo menor que o esperado.

Para 2018, a previsão inicial era que Foz teria 264.044 moradores. Com a revisão, passou para 258.824, número 1,9% inferior à primeira estimativa.

Lá e cá

Foz do Iguaçu tem como principal atividade econômica o turismo, com tudo que dele deriva: hotéis e assemelhados, restaurantes, bares, lanchonetes, agências receptivas, etc, etc. Setor que emprega muita gente e, por sinal, vai continuar gerando vagas de emprego nos próximos anos.

Ciudad del Este não é só o comércio do microcentro, como a gente às vezes pensa. O setor industrial está cada vez mais forte, principalmente com as indústrias maquiladoras, muitas delas filiais de empresas brasileiras.

O ainda recente processo de industrialização, que abrange Ciudad del Este e sua região metropolitana, impulsiona o setor de serviços e o comércio voltado para os moradores locais.

Sem contar uma até poucos anos inesperada fonte de recursos e empregos: o setor de educação superior. Ciudad del Este tem, segundo estimativas, mais de 15 mil estudantes brasileiros só nos cursos de Medicina que suas instituições oferecem.

Isso também gera novas necessidades e oportunidades, o que inclui a implantação de mais restaurantes, livrarias, bares e discotecas, por exemplo.

A classe média de Ciudad del Este está em franco crescimento. Isso é interessante para Foz, especialmente – também – para o setor de serviços, que vai complementar o que é oferecido lá.

Per capita

Uma última curiosidade. A se confiar, claro, nas estatísticas, Ciudad del Este tem um Produto Interno Bruto de US$ 3,5 bilhões, que ao ser dividido por sua população representa US$ 11,5 mil per capita.

Foz do Iguaçu, em dados de 2015, tinha um PIB per capita de US$ 11,9 mil per capita. Com variações de câmbio, inflação e tudo o mais que se pode levar em conta, dá para concluir que as duas cidades têm uma renda muito próxima.

Claro, a oficial. Mais que Foz, Ciudad del Este tem uma “economia paralela”, a do contrabando e do tráfico de armas e drogas, mas a maior parte do dinheiro obtido com estas fontes de renda não fica nem na cidade e nem no Paraguai, e sim vai alimentar os paraísos fiscais.

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