Comissão Escrache pede saída de senador, sob ameaça de “ovos e papel higiênico”
O político da vez é o senador Víctor Bogado, pela contratação da “babá de ouro”.
Até o The New York Times reconheceu a luta dos manifestantes paraguaios contra a corrupção no país (veja matéria aqui https://wwh2foz.com.br/noticia/deu-no-new-york-times-papel-higienico-e-ovos-contra-a-corrupcao-no-paraguai ).
E vai ter mais “ovos e papel higiênico” na semana que vem. Desta vez, a “Comissão Escrache”, como se autointitulam os manifestantes liderados pela advogada María Esther Roa, quer a cabeça do senador Víctor Bogado.
“Babá de ouro”
No tempo em que era presidente da Câmara dos Deputados, em 2008, Bogado contratou a babá dos filhos dele, Gabriela Quintana, como sua “assistente”, inicialmente por um salário de 1.300.000 guaranis (R$ 800,00). Depois, o salário dela subiu para 13.237.400 guaranis (cerca de R$ 8.200).
Em fevereiro de 2013, mesmo mantendo o cargo na Câmara, ela foi contratada pela Itaipu, a pedido de Miguel Ángel Pérez Núñez, secretário do agora senador. Na Itaipu, Gabriela Quintana ela ganhava mensalmente 8.739.300 guaranis (cerca de R$ 5.400).
Não é à toa que Gabriela Quintana foi apelidada pela imprensa paraguaia como “babá de ouro”.
Pois bem, o caso acabou se tornando público e foi investigado por promotores, que encaminharam as conclusões à Justiça.
E, pela primeira vez na história, um senador paraguaio recebeu uma condenação judicial, decidida pelo Tribunal de Sentença na sexta-feira, 3: um ano de prisão, com suspensão da pena.
A “babá de ouro” também foi considerada culpada por cobrança indevida e condenada a um ano e seis meses de prisão, mas também não irá pra cadeia. E o secretário de Bogado, Miguel Pérez, foi absolvido por falta de provas.
O promotor René Fernández, que investigou o caso junto com a promotora Liliana Alcaraz, havia pedido quatro anos para Bogado e Gabriela, e um ano e seis meses para Pérez. Ele disse que vai apelar da condenação.
Agora, o povo
Mas o senador não viverá sossegado. Nem seus pares. A Comissão Escrache quer que o Senado casse o mandato de Bogado, considerando que ele praticou “tráfico de influências”, conforme decidiu o próprio Tribunal que julgou o caso “babá de ouro”.
Se não houver uma resposta ou se a resposta dos senadores ao pedido for negativa, “eles não vão ter paz aí dentro (do Congresso)”, disse a advogada ao La Nación.
Segundo ela, os manifestantes já estão preparados com “ovos e papel higiênico para receber e se despedir dos senadores, na entrada e na saída das sessões.
“Este grupo não vai se cansar. Já são mais de oito meses que estamos nas ruas”, disse, ainda.
Há outros casos de corrupção que estão sendo analisados pela Comissão de Escrache, como o juízo oral a que será submetido o ex-contralador da República Óscar Rubén Velázquez e otros 11 funcionários por quebra de confiança e cobrança indevida.
O grupo de manifestantes pede também a renúncia do senadorr Enrique Bacchetta.
Haja papel higiênico e ovos!
Fontes: ABC Color, La Nación e Press Reader