No terminal, usuários do transporte público afirmam que o reajuste é injustificado por causa das condições do serviço. Assista ao vídeo.
O reajuste da tarifa deixou o passageiro de ônibus insatisfeito em Foz do Iguaçu. O aumento de R$ 3,95 para R$ 4,10, que entrou em vigor na manhã desta terça-feira, 25, recebeu críticas dos usuários do transporte coletivo, no Terminal de Transporte Urbano (TTU).
VÍDEO
Para a população, o acréscimo no valor não se justifica devido à qualidade do serviço público ofertado. A principal reclamação é pela falta de ônibus, o que reflete em longas esperas, demora no tempo de deslocamento das pessoas e lotação dos veículos, o que eleva o risco de contágio pelo novo coronavírus.
O reajuste da passagem foi obtido pelo Consórcio Sorriso na Justiça. As empresas alegam tratar-se de uma cláusula contratual, que deve ser efetivada no mês de setembro de cada ano. A prefeitura diz que as concessionárias não cumprem o contrato firmado com o município.
Sem poder trabalhar por problemas de saúde, Ivone de Oliveira, 57, utiliza o transporte coletivo iguaçuense regularmente para o tratamento e paga o ônibus do próprio bolso. Moradora da Gleba Guarani, ela vai ao TTU, onde pega a condução para o poliambulatório, no Porto Meira.
“Achei muito ruim o aumento da passagem. Antes de falar nisso, deveriam pôr mais ônibus nas linhas”, enfatizou. Ivone disse que saiu de casa às 6h30 e permanecia no terminal após as 8h. “Minha consulta será às 9h. Ainda estou esperando o ônibus. Se chegar atrasada, vou perder [o atendimento]”, expôs.
Risco de covid-19
O comerciário Thomas Alberto Gonçalves, 18, mora no Jardim Cláudia e usa o ônibus para chegar ao trabalho. Para ele, o aumento da tarifa neste momento não se justifica, porque o usuário enfrenta a falta de ônibus e lotação.
“Não tem motivo para o reajuste da passagem. Se querem cobrar mais da gente, deveriam melhorar o serviço, ter mais ônibus”, declarou. Ele afirmou temer ser infectado pelo coronavírus. “A gente nunca sabe quem está do lado. Com ônibus lotado, não tem distanciamento”, pontuou.
Contrária ao acréscimo no preço da passagem, a zeladora Vera Lúcia, 40, enfatizou que é um transtorno utilizar os ônibus todos os dias. Ela relatou à reportagem que pela manhã demora no mínimo uma hora e 40 minutos para ir da sua moradia, em Três Lagoas, até o trabalho, na Vila Yolanda.
“Quase não está tendo ônibus, como podem aumentar a passagem?”, indagou. “Depois das 9h, a situação piora. É preciso resolver esse problema, colocando mais ônibus nas linhas, contratando motoristas e cobradores, pois muitos deles foram demitidos”, sublinhou Vera.
Pelo terminal
Atrás da fachada nova do TTU, que está em obras estimadas em R$ 670 mil, perduram velhos problemas relacionados à prevenção contra a covid-19. A reportagem percorreu o espaço e não encontrou dispensers com álcool em gel – dos dois verificados, um não continha o produto e outro estava danificado.
Os tapetes dispostos nos locais de embarque, por todo o terminal, também estão secos, sem o produto sanitizante. Esses problemas já foram detectados pelo H2FOZ em reportagens anteriores realizadas no equipamento público (leia aqui), mas ainda permanecem sem solução.
“Decisão final”, diz prefeitura
A Prefeitura de Foz do Iguaçu anunciou o prazo de mais uma semana para emitir um relatório da comissão que analisa o contrato entre o município e o Consórcio Sorriso. O termo com as empresas de ônibus foi firmado em 2010, na gestão Paulo Mac Donald-Chico Brasileiro.
Segundo a administração, o documento irá basear a posição jurídica da prefeitura em relação à concessão: “uma decisão final”. O município também está estudando medidas para modificar o sistema de transporte público, em busca de melhorias ao serviço.
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