Por Guilherme Wojciechowski, Denise Paro, Vacy Alvaro e Alexandre Palmar
Quem passou próximo às escolas municipais de Foz do Iguaçu, nesse fim de semana, pôde notar a presença de pessoas acampadas em frente às instituições guardando lugar na fila. O motivo era a abertura das matrículas para o 1.º ano do ensino fundamental, com queixas de que a procura é maior que a disponibilidade de turmas em vários estabelecimentos.
Em locais como a Escola Municipal Gabriela Mistral, no Jardim Lancaster, a fila começou ainda na sexta-feira (25), com familiares dormindo em barracas ou nos carros. O H2FOZ recebeu relatos de pessoas acampadas, também, na Escola Municipal Getúlio Vargas, na Vila Adriana, e na Escola Municipal Altair Ferrais da Silva (Zizo), no Jardim Ipê.
Nesta segunda-feira (28), a reportagem esteve na escola Zizo pouco antes das 7h, momento em que 47 das 50 senhas tinham sido entregues. Em entrevista à reportagem, o conferente Alexsandro Boaroli contou que chegou às 5h30 de domingo (27) e já havia gente no local, que atende aos bairros do entorno da Avenida Andradina.
“Eles tinham que ter um levantamento de quantas crianças têm, para criar essas vagas no bairro. Ninguém precisa ficar dois ou três dias em uma fila para pegar vaga na escola, não tem necessidade disso. Todo mundo tem o direito de estudar”, expressou Boaroli. “Agora são 6h50, já era para eu estar indo para o serviço.”
A situação de Boaroli, que estava na fila para matricular a filha de 6 anos, é similar à de outros pais ou responsáveis, que apontaram ao H2FOZ a recorrência do problema. Ao não conseguir vaga na escola mais próxima à residência da família, a criança precisa estudar em outra unidade, o que costuma gerar dificuldades para o deslocamento.
Noite na calçada
Larissa Pereira chegou à Escola Municipal Getúlio Vargas, na Vila Adriana, por volta das 17h de domingo. Sem opção, ela e outras sete pessoas dormiram na calçada em frente ao estabelecimento. Às 7h30 de hoje, conseguiu fazer a matrícula de sua criança para o 1.º ano.
“O problema é para os alunos que vêm dos CMEIs. Como a escola é muito boa, todo mundo quer e fica concorrido”, disse. Para ela, seria melhor que a direção deixasse os pais dormirem no estabelecimento, para não precisarem ficar na rua.
Já a cozinheira Marlene de Oliveira chegou à escola às 4h45 desta segunda e esperou quase seis horas para fazer a matrícula da filha de 6 anos. Marlene estudou na Getúlio Vargas, que considera a melhor da região. “A maioria dos pais quer essa escola”, afirmou.
No mesmo estabelecimento, o H2FOZ obteve o relato de um pai que revezou com a ex-companheira na fila para garantir a matrícula da filha.
“Ontem, às 21h, já tinha gente na frente da escola, então vim para cá guardar o lugar. Tivemos que revezar para conseguir a vaga no 1.º ano”, realçou o morador, que pediu para não ter o nome citado na reportagem. “Para o 6.º ano nos informam para onde nossos filhos irão, mas do CMEI para o 1.º ano não fazem isso. Por quê?”, questionou.
Outro lado
O H2FOZ entrou em contato com a Comunicação Social da Prefeitura de Foz do Iguaçu, que consultou a Secretaria Municipal de Educação e enviou a seguinte nota:
A Rede Municipal de Ensino de Foz do Iguaçu deu início, nesta segunda-feira (28), ao período de matrículas para o 1° ano do ensino fundamental. Os pais têm até o dia 30, sexta-feira, para buscar a escola mais próxima com os documentos exigidos e preencher a ficha de matrícula.
A Secretaria da Educação esclarece que existem vagas disponíveis em todas as 50 escolas da rede e que não há risco de alguma criança ficar sem vaga. A expectativa é que 3 mil alunos sejam matriculados no 1º ano.
As filas por vagas ocorrem porque muitos pais têm preferência por escola e turno, especialmente pelas instituições de período integral – Gabriela Mistral, Jardim Naipi e Parigot de Souza – e aquelas com as maiores notas no IDEB. Filas foram registradas em algumas escolas, mas, na maioria das unidades, os pais chegaram pouco antes das 7h30 desta segunda-feira e os atendimentos ocorreram normalmente.
A Secretaria da Educação e as próprias escolas orientam os pais a buscarem a unidade de ensino mais próxima de casa, sem a necessidade de pernoitar para a garantia da vaga.
O município já está estudando a implantação de um sistema on-line de georreferenciamento para que as matrículas sejam feitas nas escolas da região onde a criança reside. Hoje, os pais têm a liberdade de matricular-se na escola desejada, e muitas vezes, a opção é pela escola fora do bairro, o que também contribui para a maior procura.
A Rede Municipal de Ensino tem cerca de 27 mil crianças – de 6 meses a 6 anos – matriculadas nos 44 Cmeis (Centros Municipais de Educação Infantil) e 50 escolas.
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