Número de passageiros despencou de 1,5 milhão para 137 mil na pandemia em Foz

Os dados são da Secretaria Extraordinária de Transporte Coletivo; prefeitura prevê até R$ 11,4 milhões em subsídios.

Oferecer transporte coletivo de qualidade para recuperar e reter o número de passageiros é um desafio para a administração em Foz do Iguaçu. Os dados trazidos a público pela municipalidade mostram que a quantidade de usuários do serviço despencou na pandemia de covid-19.

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Em abril de 2019, o sistema transportou aproximadamente 1,5 milhão de passageiros, sendo 75% pagantes. Em abril de 2020, esse número caiu para 137 mil. No mês passado, a marca voltou a superar 1 milhão de usuários por mês, com cerca de 40% de isenção ou desconto, em recuperação gradativa.

Os dados foram apresentados pelo secretário extraordinário de Transporte Coletivo, Fernando Maraninchi, no Fórum de Mobilidade Urbana da Região Oeste, realizado nesta semana, em Cascavel (PR). Os números foram reportados pela Agência Municipal de Notícias (AMN).

Para a prefeitura, investimentos “têm contribuído para o retorno dos usuários”. No período mais crítico da pandemia, a partir de março de 2.020, há que ser lembrado, as atividades econômicas foram refreadas ou paralisadas, e as aulas presenciais suspensas.

Em Foz do Iguaçu, nessa fase, abriu-se um embate entre o antigo operador do serviço, o Consórcio Sorriso, e a administração. Para as empresas da época, a demanda não cobria os custos. A gestão municipal alegava descumprimento do contrato e o declarou extinto em 2.021.

A disputa envolvendo indenização milionária segue irresoluta na Justiça, com o Consórcio Sorriso obtendo uma vitória em primeira instância. A prefeitura contratou a Viação Santa Clara para prestar o serviço por dois anos, por licitação, prevendo subsidiá-la com até 11,4 milhões em 2.023.

Os valores foram elencados em projeto do prefeito enviado ao Legislativo. “Estimamos a nova despesa com a necessidade de aporte mensal, por parte do poder público, na ordem de R$ 1.146.950,00, totalizando um aporte para 2023 de R$ 11.470.000,00”, calcula.

Dinheiro público

O repasse de dinheiro público para a empresa é para “manter a qualidade, sem que haja o aumento no valor da tarifa para o usuário”, expõe a AMN. “Precisamos investir na qualidade do transporte coletivo para atrair e reter os usuários”, defende o secretário Fernando Maraninchi.

Ele aponta como medidas necessárias a oferta de mais linhas e veículos para diminuir o tempo entre as viagens. “Não apenas para a manutenção e sobrevivência do sistema, mas também para o bem-estar da população”, pontua.

Nesta semana, a Câmara de Vereadores aprovou o repasse de R$ 6,6 milhões para o transporte público, projeto do prefeito Chico Brasileiro (PSD) – dos quais R$ 3,8 milhões são em subsídio. Na sessão, três vereadores de oposição revezaram-se para criticar o valor e cobrar planejamento e melhorias.

Painel do Legislativo com o resultado da votação – foto: Reprodução


“Essa conta é do prefeito. A gente vê uma sucessão de erros. Faltam planejamento, estatísticas e dados”, enfatizou o vereador Marcio Rosa (PSD). “Como aprovar mais de R$ 6 milhões para um transporte ruim e caro, enquanto a população sofre com falta de saúde e de creche?”, indaga.

Os valores subsidiados são para o “custeio e pagamento de eventual déficit financeiro existente entre a tarifa e a despesa apurada por km rodado, no valor de até R$ 11,4 milhões” do contrato com a Viação Santa Clara. O custo do quilômetro rodado é de R$ 9,65.

Outros R$ 20 milhões

Em abril, Chico Brasileiro assinou o Decreto n.º 31.357, abrindo crédito adicional suplementar no orçamento de R$ 20 milhões para o transporte coletivo. A administração afirma que esse montante não teria a ver com a destinação do município ao setor.

Trata-se de “crédito suplementar, com recursos provenientes de excesso de arrecadação por tendência”, expõe a nota da prefeitura ao H2FOZ. “Ou seja, de um valor além do esperado arrecadado com a tarifa do transporte”, conclui.

Presidente da Câmara Municipal, o vereador João Morales (União) considerou necessário pedir esclarecimentos ao prefeito sobre o dinheiro autorizado na forma de crédito adicional. Requerimento de sua autoria foi aprovado pelos demais pares.

O parlamentar cita que esse tipo de operação orçamentária requer a justificativa do gestor. E argumenta que seu requerimento visa a “garantir que o dinheiro público esteja sendo aplicado de forma correta e transparente”. A administração tem até 30 dias para a resposta.

Sistema

Hoje, a frota de ônibus em circulação é de 91 veículos, conforme a Agência Municipal de Notícias, dos quais 30% foram adquiridos no último semestre e 90% têm ar-condicionado. São 39 linhas e 540 mil quilômetros rodados mensalmente pelas lotações, contabiliza a agência oficial.

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