A Viação Santa Clara emitiu nota sobre o anúncio feito pelo Sindicato dos Rodoviários (Sitrofi) de que a categoria poderá deflagrar greve no transporte coletivo em Foz do Iguaçu. A empresa menciona que vem negociando com a entidade desde fevereiro.
Conforme a operadora, nessa sexta-feira, 4, foi efetuado o pagamento do valor da cesta básica e o adicional de cobrança referente a 12 dias de março. A Visac sustenta que essa é a previsão no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) de 2024, vencido em 12 de março, e consta do dissídio entre o sindicato e a empresa, publicado no último dia 2 pela Justiça do Trabalho.
O sindicato não concorda com esse entendimento. Veja a posição do Sitrofi, abaixo.
A empresa reforça que está em negociação com o sindicato desde fevereiro desse ano. “Na qual apresentou proposta, assegurou a data base e informou o sindicato da necessidade legal de formalização de novo ACT para manutenção de cláusulas econômicas para os trabalhadores”, de acordo com a nota.
Transporte coletivo
A Viação Santa Clara sustenta, contudo, que as negociações estariam paralisadas porque o sindicato postula a jornada diária de trabalho de seis horas, menos meia hora de intervalo.
“Com isso, efetivamente, os motoristas trabalhariam 5h30 por dia. O que geraria grande impacto econômico, técnico e operacional para o sistema”, aponta. Sem acordo, assim, a “Visac fica impedida de fazer qualquer pagamento salarial sem amparo legal do instrumento coletivo, o que acarretaria ônus salariais insustentáveis para a empresa”, prossegue a nota.
E conclui o posicionamento afirmando que está aberta para negociação, seguindo os termos do contrato com a prefeitura, o histórico da operação iniciada em março de 2022 e o recente dissídio.
O que diz o sindicato
Inicialmente, após votação no último dia 1.º, os rodoviários rejeitaram a proposta de reposição salarial sem ganho real, além de não avançar sobre a duração da jornada de motoristas, por exemplo. A greve fora projetada para o dia 14, caso não haja entendimento entre patrões e trabalhadores do transporte coletivo.
Porém, neste sábado, 5, a reportagem apurou que parte da categoria propõe uma paralisação já neste começo de semana – não seria a greve ainda. Porém, tal sugestão está sendo discutida e avaliada entre os profissionais e a direção sindical.
Conforme o secretário-geral do Sitrofi, Rodrigo Andrade de Souza, a possibilidade de antecipação do movimento é porque a categoria não concorda com o pagamento proporcional feito pela empresa de ônibus. Ele cita normativas que, argumenta, garantem que a parte laboral pague o que consta do acordo coletivo recente até novas deliberações.
“A princípio, seria uma paralisação imediatamente”, relata Rodrigo. “Se a empresa não pagar, o movimento irá continuar na forma de greve. Imagina: um pai de família perder R$ 600 na situação [socioeconômica] que estamos vivendo”, termina.
Veja reivindicações dos rodoviários.
Prefeito solta nota
Na tarde deste sábado, a prefeitura também emitiu nota em que afirma que não integra diretamente as negociações entre o sindicato e a empresa, mas que acompanha os desdobramentos e apela para o diálogo. Além disso, a administração diz respeitar a autonomia das partes e frisa que “a continuidade do serviço é fundamental para a rotina da cidade”.
Íntegra do texto
NOTA À POPULAÇÃO
A Prefeitura de Foz do Iguaçu tomou conhecimento, por meio da imprensa local, do indicativo de paralisação do transporte coletivo urbano anunciado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários, com possível início na próxima terça-feira, 08 de abril.
Embora não integre diretamente as tratativas trabalhistas entre o sindicato e a empresa VISAC, prestadora contratada para a operação do transporte coletivo, a Prefeitura acompanha com atenção os desdobramentos do caso e reafirma seu compromisso com a população, especialmente com os milhares de usuários que dependem diariamente do sistema público de transporte.
A Administração Municipal respeita a autonomia das partes envolvidas e reconhece a importância do diálogo, mas destaca que a continuidade do serviço é fundamental para a rotina da cidade. Por isso, não hesitará em adotar todas as medidas legais cabíveis, dentro de suas atribuições, para garantir o atendimento à população, caso a paralisação venha a se confirmar.
A Prefeitura continuará acompanhando o tema e manterá a população informada sobre quaisquer providências que forem necessárias.
Prefeitura de Foz do Iguaçu
