Ter um lugar para morar livrando-se do aluguel é a vontade da maioria dos integrantes da ocupação.
Na moradia precária que ainda recebe arrumações, na Vila Resistência 2, Simone Aparecida Martins, 31, mora com o esposo e quatro filhos pequenos: Davi, de 7 anos; Eduardo, com 4; Valentim, de 2; e a pequena Isabeli, de 5 meses. A família morava perto dali, no Jardim Cedro, mas decidiu ir para a ocupação depois que a proprietária do imóvel reajustou o aluguel de R$ 500 para R$ 600.
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“Ou a gente paga aluguel, água e luz, ou compra comida. O aluguel é um dinheiro que vai e não volta”, conta. Sem poder trabalhar para cuidar dos filhos, explica que o salário de frentista do marido não é suficiente para as despesas. “Sobra líquido pouco mais de R$ 1.000 para todas as contas”, calcula.
Segundo Simone, ela conseguiu fazer uma “compra boa”, adquirir mais fraldas e leite neste período sem a previsão de aluguel. “Não é fácil alimentar quatro crianças”, frisa. Frente às adversidades do lugar, ela não deixa de sonhar. “Quero ter o meu cantinho, deixar de pagar aluguel. Vamos permanecer aqui, pois não sei para onde ir com os meus filhos”, enfatiza.
Dois aluguéis vencidos
Antes da pandemia de covid-19, Neusa Dominski, 37, trabalhava todos os dias como diarista. Hoje, quando muito, faz de um a dois serviços em residências, recebendo entre R$ 90 e R$ 110 por casa. Resultado: dois aluguéis vencidos. Essa conta que não fecha a levou a pleitear um terreno na ocupação, com as filhas Kemily e Camila, de 9 e 2 anos.
“Comida, leite, o básico para viver está tudo muito caro”, reclama. “Vamos lutar todos juntos pela regularização dessa área para não precisarmos mais pagar aluguel”, propõe-se a diarista. “Esperamos que os políticos se lembrem da gente agora, não só em época de eleição, e nos ajudem”, convoca Neusa.
“Vamos vencer”
“Era parelho o matagal e o colonião que tivemos de arrancar. Como tenho problemas nas mãos, que amortecem, quase não dormia de tanta dor”, recorda a aposentada Doli Bonetti, 60. No barraco de terra batida, ela mora com a neta de 23 anos, que é mãe de uma menina de 6 anos. “Minha neta perdeu o emprego recentemente, porque a patroa perdeu parte da renda nessa pandemia”, revela.
Antes de juntar-se à ocupação da Vila Resistência 2, a Dona Doli vivia de favor. “É melhor aqui. Ao invés de pagar aluguel, dá para usar o dinheiro para ir construindo aos poucos, comer melhor”, explica. É um bequinho que a gente sabe que o que fizer é para nós mesmos. Daqui, não pretendemos sair, e vamos vencer”, sublinhou a aposentada.
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