A reportagem do H2FOZ encontrou um músico sentado em um dos bancos da Avenida Brasil. Tinha o violão, uma caixa de som e as partituras consigo. A cena era bem cotidiana, mas não dava para ver um violão e não querer ouvir o som. Logo que os acordes tomaram forma, quem estava por perto procurou quem estava tocando, sorriu e seguiu seu caminho.
Nezuno, músico free lancer, começou a tocar em bares porque dava aula de violão para a filha do dono. Nascido em São Paulo, a música o acompanha desde a adolescência, quando juntou uns amigos para experimentar uma banda de rock. “Naquela época, começamos a ver que daria para levar a algum lugar, mas depois todo mundo cresce”, contou.
Dali em diante, “o violão sempre foi a opção, a alternativa”. Além do instrumento, a companheira de trabalho é uma caixa de som, comprada em 2012. “É um daqueles modelos para professores darem aula”, explicou.
No começo, qualquer música mais alta fazia a caixa desligar, então Nezuno realizou várias adaptações. Hoje em dia, fica guardada em uma caixa de madeira, para ter mais suporte, e funciona com pilhas recarregáveis. “Na minha época, a gente sempre tentava se virar com o que tinha”, disse. Assim, consegue explorar vários ritmos nacionais e internacionais, mesmo tendo mais carinho pelo rock and roll.
Durante a conversa, abordamos um assunto complicado: a pandemia. Nezuno informou que na época acreditava que poderia morrer. Ficou bastante tempo isolado, tocando e produzindo vídeos como portfólio. “Eu já tinha preparado o presente, pra nada”, comentou. Naquele período, a música funcionou como terapia.
Agora, o desafio é encontrar um lugar para tocar. O músico passa pelos bares da cidade pedindo espaço. “Se eu puder, humildemente, fazer um barulhinho, sem incomodar, já tô fazendo a função”, enfatizou. O objetivo é criar uma atmosfera tanto para si quanto para quem o ouve.
Apesar da trajetória, não se considera artista. Para ele, a música já ofereceu tanto que basta retribuir. “A pessoa não é artista, mas é pela arte que encontrou as condições… Essa frase ficou bonita no finzinho”, concluiu, rindo.
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