Mortes de motociclistas mais do que dobram em Foz do Iguaçu

Foram 12 vidas perdidas no trânsito, de janeiro a outubro, em comparação a cinco óbitos no mesmo período do ano anterior.

Frentista, Matheus Oviedo de Lima, de 23 anos, está entre as vítimas mais recentes de sinistros de trânsito em Foz do Iguaçu, nos quais o motociclista perde a vida. O acidente, envolvendo um automóvel, ocorreu na noite do último dia 29, na Avenida General Meira, na região do Porto Meira.

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O número de motociclistas mortos no trânsito de Foz do Iguaçu mais do que dobrou em 2024. De janeiro a outubro, 12 pessoas perderam a vida, em comparação com cinco óbitos no mesmo período do ano anterior. Os dados foram fornecidos ao H2FOZ pelo Instituto de Transporte e Trânsito (Foztrans).

Até maio de 2024, a cidade registrava uma frota de 35.774 motocicletas, um número que tende a crescer devido à dinâmica da fronteira. Ainda há o percepível aumento de atividades profissionais realizadas com motos, como entregas e outros serviços, além do transporte de passageiros.

O levantamento da reportagem, realizado com o Foztrans, também apresentou os seguintes dados, na variação de um ano para outro:

Total de acidentes de trânsito:

  • 2023: 2.278
  • 2024: 2.034

Acidentes envolvendo motocicletas:

  • 2023: 1.675
  • 2024: 1.526

Total de mortes no trânsito:

  • 2023: 15 (5 motociclistas)
  • 2024: 18 (12 motociclistas)

Embora o número de acidentes envolvendo motocicletas tenha diminuído ligeiramente em 2024, em comparação com o ano anterior, o número de mortes de motociclistas aumentou de forma exponencial. A quantidade de acidentes com veículos de duas rodas também caiu sensivelmente.

Desafios no trânsito

Presidente da recém-criada Cooperativa dos Motoboys da Fronteira, Everton Mota destacou os principais desafios enfrentados pelos motociclistas na cidade. Aos 33 anos, ele tem 12 de experiência no ramo. Conta ele que os acidentes com colegas de profissão são uma constante, quase parte do cotidiano (veja a entrevista).

Uma das propostas que o lider da cooperativa encampa na sua gestão é a criação de parcerias para oferecer serviço de seguros aos motociclistas, dado os perigos da profissão. E muitos trabalham de forma informal, sem carteira assinada, o que os deixa sem proteção social em caso de acidente.

Mota apontou alguns problemas específicos do trânsito de Foz do Iguaçu, como a desatenção e a pressa dos motoristas de automóveis. E agregou, como obstáculos, a existência de muitos buracos nas ruas e avenidas, tal qual a sinalização, que considera inadequada ou insuficiente.

“Em alguns trechos, nem conseguimos acessar a faixa exclusiva para motociclistas nos semáforos por causa das filas”, afirmou, sobre motoboxes implantados recentemente. “Somos frequentemente apontados como vilões do trânsito, mas somos os que mais sofrem, com acidentes e mortes”, completou.

A visão do Foztrans

O Foztrans tem sua própria análise sobre os dados. Para a autarquia, os principais fatores que contribuem para os acidentes com motociclistas são: o excesso de velocidade, o desrespeito à sinalização de trânsito, a falta de habilitação dos condutores e o uso inadequado do capacete, sem a fivela.

A reportagem questionou o órgão sobre as ações que está desenvolvendo para prevenir acidentes. O Foztrans destacou três principais linhas de atuação:

  • sinalização viária: implantação e manutenção de placas de regulamentação, sinalização horizontal nas vias e semáforos em cruzamentos de maior risco. Também estão sendo criados motoboxes na Avenida JK, áreas exclusivas para motociclistas aguardarem o semáforo abrir.
  • fiscalização de trânsito: instalação de radares para reduzir a velocidade nas vias com maior índice de acidentes e operações de fiscalização de trânsito.
  • educação para o trânsito: ações de conscientização sobre segurança, como palestras em empresas e escolas, blitz educativas e campanhas nas redes sociais e imprensa.
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1 comentário
  1. Silvio Diz

    Não é difícil entender o que acontece em Fo. O que vc mais vê é moto com placa paraguaia, sem cinalização, sem condições de trafegar, a qual o piloto muito geralmente é aquele que não tem cnh.
    Junta isso os motoboy que não respeita semáforo, passa pela direita, cruza preferencial, anda na contra mão, anda sobre as calçadas e qualquer lugar que a moto consegue acessar. Enfim, estão morrendo pq não respeitam nada e vai continuar morrendo.

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