Moradores querem a negociação direta na venda das casas da usina

A Associação dos Moradores Interessados na Aquisição dos Imóveis da Vila A (AMIVA) defende a negociação direta com a usina.

A Associação dos Moradores Interessados na Aquisição dos Imóveis da Vila A (AMIVA) defende a negociação direta com a usina. A entidade quer a repetição do modelo adotado com os imóveis vendidos anteriormente, sem passar por leilões, a exemplo das vendas feitas para empresas e instituições como Furnas, Copel e Polícia Federal.

REPORTAGEM COMPLETA
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* Moradores querem a negociação direta na venda das casas da usina
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Para a advogada e diretora da AMIVA, Sônia Januário, a Itaipu Binacional, nas reuniões realizadas com representantes da entidade, “sempre vem falando que não visa lucro, que não é imobiliária, que preza pelo social, porém a usina fala uma coisa e prega outra. O objetivo de um leilão é o lucro. Ganha quem der o lance maior”.

Preferência – A defensora rebate ainda a chamada “preferência de compra do imóvel”. Funcionaria assim: hipoteticamente um imóvel largaria com valor mínimo de R$ 300 mil, mas receberia oferta de R$ 420 mil (alta média de 40%). O residente poderia cobrir esse lance final e comprar o bem. “Mas que vantagem tem nessa história? Nenhuma”, critica a advogada.

Sônia Januário, advogada e diretora da AMIVA: “o objetivo de um leilão é o lucro. Ganha quem der o lance maior” – Foto: Arquivo Pessoal

Avaliação – A AMIVA discorda da régua adotada na avaliação dos 17 imóveis desocupados que foram vendidos neste mês – sobretudo quando comparada ao cálculo feito três anos atrás, quando ocorreram as últimas negociações diretas entre moradores e usina. Em alguns casos, o valor por metro quadrado em pontos não tão disputados da Vila A seria superior ao cobrado em condomínios fechados.

Benfeitorias – Na avaliação de Sônia Januário, os moradores também serão prejudicados por conta de outro fator: as benfeitorias feitas nos imóveis ao longo dos últimos meses. “A maioria fez manutenção nas casas, porém esses investimentos não devem ser levados em conta no leilão, não devem ser abatidos em eventuais aquisições por parte do morador”, diz.

Para a advogada, esse conjunto de fatores, no fim das contas, beneficiará investidores e grandes imobiliárias com condições de pagar à vista pelos imóveis supervalorizados numa disputa em leilão. Quem tiver muito dinheiro poderá arrematar os bens de olho nos terrenos e futuramente construir condomínios de sobrados e salas comerciais.

Direito ou privilégio? – Criada em 2019, a Associação dos Moradores Interessados na Aquisição dos Imóveis da Vila A representa cerca de 200 pessoas que residem no bairro. Questionada pelo H2FOZ se as reivindicações da entidade devem ser interpretadas como direito ou privilégio, a advogada foi categórica em dizer que não se trata de regalia.

“Por que a Itaipu cedeu as casas mediante cessão onerosa? Quando os funcionários foram saindo da Itaipu, muitas casas ficaram vazias. Na época, a usina encontrou uma forma de manter os imóveis em segurança, conservados, e diminuir os índices de criminalidade no bairro: fazendo a cessão onerosa para servidores, sobretudo da segurança pública. Fomos úteis para a usina na época, e agora somos descartados?”

Alternativas – A entidade informa ter protocolado documento sugerindo leilão cuja prioridade do lance seja do morador. Caso ele cubra o valor mínimo, poderia arrematar o bem – ou seja, não haveria outros lances. Do contrário, a propriedade seguiria para disputa pública.

Outro pedido é abrir a possiblidade de financiamento (haja vista que a maioria dos moradores é de funcionários públicos, logo sem Fundo de Garantia, e boa parte deles não teria reserva financeira para comprar casa à vista). As propostas da entidade estão sob análise da diretoria da binacional.

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