H2FOZ – Paulo Bogler
O transporte coletivo de Foz do Iguaçu, historicamente um gargalho entre os serviços públicos municipais, piorou de qualidade durante a pandemia, com a drástica redução de ônibus nas linhas promovida pelo Consórcio Sorriso. A população perde mais tempo à espera da condução, no terminal e nos pontos de embarque, aumentando a exposição ao novo coronavírus.
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De acordo com o Instituto de Transportes e Trânsito (Foztrans), dos 155 ônibus da frota, 45 estão em circulação, acrescidos de 13 veículos nos horários de maior movimento, fazendo o “horário de domingo”. Assinado pelo prefeito Chico Brasileiro (PSD), o Decreto nº 28.404, em vigor a partir desta quarta-feira, 12, deveria minimizar o problema.
Deveria. É que as empresas de ônibus que operam o sistema não estão cumprindo a norma municipal, publicada no Diário Oficial de 7 de agosto. A determinação da prefeitura é que o transporte coletivo urbano de passageiros deve retomar a escala normal, ou seja, cumprir a tabela integral de horários.
Diz o texto do decreto da prefeitura:
§ 24. O Transporte Coletivo Urbano de passageiros, operará com escala normal até às 00h30min, com limitação de 50% (cinquenta por cento) da capacidade do veículo.
Moradora em Três Lagoas, Eloisa Pereira pega ônibus para ir ao trabalho no centro todos os dias. A assistente financeira conta que, nesta quarta-feira, o coletivo estava lotado, com todos os assentos ocupados e muita gente de pé, acima de 50% da capacidade do veículo. “Além disso, continuam atrasos no horário, em alguns dias. Estou saindo mais cedo de casa para não ser prejudicada e perder a hora de entrada no serviço”, afirmou.
O diretor de Transporte, Gilberto Neves afirmou que o Foztrans notificou o Consórcio Sorriso nessa terça-feira, 11, e que está em tratativas com representantes das empresas de ônibus. Ao H2FOZ, o servidor disse que as empresas relataram não possuir funcionários para a retomada da tabela integral, devido a demissões durante a pandemia.
“Segundo o decreto, as empresas devem operar com a frota completa, com a tabela cheia”, frisou Gilberto. “Fizemos a notificação [ao Consórcio Sorriso], mas isso não era necessário, pois as empresas possuem seus setores jurídicos e devem acompanhar os decretos do município”, apontou.
“A qualquer momento o Foztrans pode aplicar sanções às empresas de ônibus por descumprimento do decreto”, ressaltou Gilberto Neves. “Estamos dialogando com o consórcio. As empresas afirmaram que não possuem motoristas suficientes para retomarem a frota completa”, declarou o diretor do Foztrans.
Consórcio Sorriso
À reportagem, representante do Consórcio Sorriso não confirmou o recebimento da notificação do Foztrans. Segundo ele, que pediu para não ter o nome citado na matéria, “se as empresas foram oficiadas”, seus gestores e a equipe jurídica avaliarão o documento, devendo indagar à autarquia municipal “como cumprir o decreto sem demanda”.
Ele defende que não há quantidade de passageiros suficiente para a retomada integral da frota. Por seus números, o sistema recebe diariamente cerca de 18 mil usuários, dos quais 6 mil não beneficiários de gratuidade. Esse número era de 60 mil passageiros antes da pandemia, relatou.
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