Carros com placas paraguaias abusam no trânsito e “blitzes” serão retomadas

Mesmo depois das fronteiras fechadas, esses veículos são responsáveis por 15% das infrações de trânsito em Foz, a maioria graves.

H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

A legislação brasileira em vigor prevê que quem trabalha ou tem empresas no Paraguai (ou outro país) não pode circular com veículo emplacado lá. Pela lei, o que vale é o domicílio do proprietário.

No entanto, em Foz do Iguaçu, mesmo com as fronteiras fechadas, há muitos carros “paraguaios” circulando diariamente. E o pior, muitos deles cometendo infrações de trânsito em número assustador.

Desde o início do ano, os carros com placas estrangeiras, que representam (ou representavam) 20% dos veículos que circulam em Foz do Iguaçu, acumulam R$ 14 milhões em multas, que correspondem a 40% do total aplicado em infrações, de acordo com entrevista do diretor municipal de Trânsito, Robson de Lima Souza, à Rádio Cultura.

E as infrações continuaram mesmo depois que as fronteiras foram fechadas, o que comprova que os proprietários desses veículos moram em Foz do Iguaçu, segundo Robson. Pode haver uma minoria de paraguaios que não conseguiu voltar a Ciudad del Este.

A partir de março, explicou, cerca de 15% das infrações continuaram a ser cometidas por carros “paraguaios”, o que talvez se explique, segundo o diretor municipal de Trânsito, pela sensação de impunidade, já que os veículos não têm registro no Brasil.

O mais grave é que a maioria dessas infrações implica em risco tanto para o próprio condutor como para terceiros, já que as multas são por alta velocidade e por “furar” o sinal.

A volta das “blitzes”

Na entrevista à Rádio Cultura, Robson de Lima Souza anunciou a volta dos bloqueios – ou “blitzes” -, que não estavam sendo feitos desde o início da pandemia, em março.

Os carros estrangeiros serão abordados e, em caso de ser constatado débito por infrações, será emitida a guia para pagamento, condição para que o veículo possa ser retirado.

O proprietário também pode regularizar antes de ser flagrado numa blitz, entrando no site da Gestão de Infrações de Trânsito do Paraná (https://www.gitcidadao.pr.gov.br/), imprimindo a guia e fazendo o pagamento em banco, com o que a dívida será eliminada do sistema.

Motos também na mira

Robson alertou que as blitzes não se restringirão a carros paraguaios. As câmeras espalhadas pela cidade flagravam em circulação veículos sem placa, principalmente motos, que também serão retidos para regularização.

Outro foco da fiscalização serão as motos com escapamento aberto, aquelas cujo ronco se ouve a quilômetros de distância, o que só deve trazer prazer (um estranho prazer, diga-se de passagem) para o próprio condutor.

Medição do som de uma moto com escapamento aberto. Se fosse fabricada antes de 1999, o tolerado seriam 99 decibéis.

Sobre o ronco das motos, a legislação brasileira permite que o barulho máximo emitido seja de 99 decibéis, para as fabricadas antes de 1999. Para as fabricadas depois daquele ano, os decibéis permitidos variam entre 75 e 80.

As motos com escapamento aberto passam fácil dos 100 decibéis. E, com escapamento esportivo, o barulho é ainda maior. Num vídeo do Youtube, uma moto com escapamento aberto chegou a emitir 107,2 decibéis (veja na foto).

O quanto aguentamos de ruído

O ouvido humano suporta ruídos de até 70 decibéis. Acima disso, o aparelho auditivo corre o risco de sofrer uma lesão. O tímpano pode se romper se a altura chegar próximo a 140 decibéis.

E veja, quanto mais tempo exposta ao barulho excessivo, maior é o risco de a pessoa ficar surda. Os motoqueiros do barulho serão, provavelmente, quarentões que só conversarão aos gritos. Outros que se arriscam são aqueles que ouvem música muito alta no fone de ouvido.

Alguns sons e a altura a que chegam:

– buzina de carro: pode atingir 105 decibéis

– fones de ouvido, em volume alto – mais de dos 110 decibéis

– choro de um bebê – 60 decibéis, mesmo volume de um aspirador de pó

– latido de um cachorro – 70 a 80 decibéis, equivalente ao som de um piano

– britadeira: cerca de 110 decibéis, semelhante ao som de uma banda de rock.

Observação: utilizamos no texto, como plural de blitz, a palavra “blitzes”. Blitz é um vocáculo alemão e, como tal, seu plural seria blitze ou blitzen, mas a tendência é ser aportuguesada, como fizemos e como faz a maioria dos jornais no Brasil.

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