A frequência dos ataques de abelhas na Região Oeste preocupa a população. Somente neste ano, duas pessoas morreram após serem picadas. O Corpo de Bombeiros fez seis atendimentos, contra quatro do ano passado. Apenas em Foz do Iguaçu, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) também registrou 15 ocorrências, cujas pessoas foram encaminhadas para serviços de saúde.
O mais recente ataque ocorreu na sexta-feira, dia 1.º, no lago de Itaipu. A vítima foi um pescador. Ao perceber as abelhas, ele pulou na água e acabou afogando-se.
Dias antes, em 28 de novembro, um entregador de 38 anos também morreu após ser picado por abelhas. Ele foi fazer uma entrega, na região do Porto Meira, e acabou sendo atacado pelos insetos, que estavam em um terreno baldio que acabara de ser limpo.
O trabalhador chegou a ser socorrido e encaminhado ao poliambulatório, porém não resistiu por ser alérgico a abelhas.
Biólogo e entomólogo, o professor de Ciências Biológicas e Biotecnologia da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) Fernando Zanella diz que a existência de enxames em áreas onde circulam pessoas é um risco.
Ele explica que as abelhas africanizadas, comuns no Brasil, apresentam um comportamento de defesa que se chama ataque massivo. “Elas têm uma comunicação química e atacam em massa um alvo. Quando uma ataca, ao soltar o ferrão, um hormônio [feromônio] é liberado e atrai outras abelhas”.
Segundo o professor, é muito importante as pessoas saberem se têm alergia a abelhas, porque só o fato de passar perto de uma colônia pode motivar um ataque. Para os alérgicos, uma picada é capaz de levar à morte, alerta.
Zanella ainda informa que quanto mais forte for a colônia de abelhas, mais defensiva ela é. Para esse insetos, o ataque é um comportamento de defesa. Por isso, para quem mora na área urbana é importante perceber que um ninho representa risco.
Orientações do Corpo de Bombeiros
Se você encontrou uma colmeia em sua casa, a orientação é:
- monitorar para ver se ela está crescendo;
- caso cresça, procure um apicultor ou o CCZ para removê-la;
- em caso de risco de ataque ou de ataque a pessoas ou animais, deve-se procurar o Corpo de Bombeiros;
- se ocorrer um ataque, corra em zigue-zague ou procure um abrigo.
Moradores reclamam do descaso por parte do poder público
O ataque ao entregador ocorreu após ele passar por um terreno baldio que havia sido limpo pela prefeitura, depois de muitas solicitações dos moradores. O problema é que, com a limpeza, a colmeia foi afetada, provocando a dispersão das abelhas que atacaram o trabalhador.
As reclamações de terrenos com muito mato e animais peçonhentos são constantes na cidade. Consultada pela reportagem sobre os lotes baldios, a prefeitura informou que as reclamações precisam ser feitas por meio dos canais oficiais, utilizando o aplicativo e site eOuve, ou diretamente na Ouvidoria-Geral, pelo telefone 156.
Abelhas não é inseto.