H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
Se quiser melhorar um pouco no ranking das cidades inteligentes, Foz do Iguaçu precisa viabilizar com urgência o projeto para tornar a Vila A o primeiro bairro inteligente do Brasil. Mas este é só um detalhe: tem também que melhorar nos quesitos educação, saúde, segurança, tecnologia e inovação.
No Ranking Connected Smart Cities 2020, que está sendo divulgado agora, Foz do Iguaçu aparece numa posição modesta: em 39º lugar entre as cidades com população entre 100 mil e 500 mil habitantes; em 79º no ranking geral; e em 15º no ranking Regional Sul.
No Paraná, entre as cidades com população entre 100 mil e 500 mil habitantes, Foz está atrás de Maringá (em 9º no ranking geral) e Cascavel (em 23º).
A nota obtida por Foz do Iguaçu, comm base em 70 indicadores de 11 setores temáticos, foi 29,582; Cascavel teve nota 30,888; e Maringá, 32,397. O primeiro lugar do ranking foi de Vitória (ES), com nota 36,251, seguida por São Caetano do Sul (SP), com 36,107.
Ranking nacional avaliou 673 cidades
O estudo avaliou os 673 municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes, nos itens mobilidade, urbanismo, meio ambiente, tecnologia e educação, saúde, segurança, empreendedorismo e governança. Além da classificação geral, há rankings por eixo temático, região e faixa populacional (onde entra Foz nos municípios com população entre 100 mil e 500 mil habitantes).
Em primeiro lugar no ranking geral ficou a cidade de São Paulo, classificada como a mais inteligente e conectada do País destacando-se em mobilidade e acessibilidade devido à diversidade de possibilidades de locomoção, segundo a Agência Brasil.
Também se destacou em tecnologia, com seus três parques tecnológicos e 11 incubadoras, que respondem por 4,1% dos empregos formais, e pelo acesso à internet – são 85 pontos por 100 habitantes.
Foz ficou atrás de várias cidades paranaenses
Foz do Iguaçu aparece em 79º lugar entre as 100 melhores no ranking que considera todas as 673 cidades analisadas. Do Paraná, estão à frente de Foz os municípios de Cascavel (51º), Pato Branco (49º), Londrina (25º), Maringá (24º) e Curitiba (3º).
Foz do Iguaçu não aparece entre as 100 melhores no eixo Mobilidade e Acessibilidade. Aliás, este eixo só conta com uma cidade paranaense, Curitiba, em modesto 46º lugar.
Este eixo avalia a quilometragem de ciclovias, as conexões interestaduais e aeroviárias e a participação de veículos com baixa emissão de poluentes na frota total. São Paulo ficou em 1º.
No eixo Urbanismo, que tem Curitiba em 1º e Cascavel em 4º, Foz ficou em 24º lugar. Aqui são avaliadas a quantidade de automóveis por habitante, a proporção de ônibus para automóveis, o atendimento urbano de água e esgoto e as leis de operação urbana e de uso e ocupação do solo, entre outros indicadores.
Entre as cidades com população entre 50 mil e 100 mil habitantes, ficou em 1º lugar a cidade paranaense de Telêmaco Borba, em Urbanismo.
Foz do Iguaçu está fora, também, dos 100 melhores municípios em relação a cuidados com o Meio Ambiente, que só conta com duas cidades paranaenses: Curitiba, em 72º; e Pinhais, em 76º. Entre outros itens, são avaliados a coleta e o tratamento de esgotos, a coleta de materiais recicláveis e o monitoramento de áreas de riscos.
Nem em Tecnologia e Inovação, nem em Saúde e Educação
O mais incrível é que, tendo um parque tecnológico “em casa”, Foz do Iguaçu não está entre as 100 melhores em Tecnologia e Inovação. A lista tem Curitiba em 2º lugar, Maringá em 20º, Londrina em 26º, Pato Branco em 45º, Cascavel em 67º, Ponta Grossa em 81º e São José dos Pinhais em 92º.
O pior vem agora: Foz não está entre as 100 melhores também no recorte de Saúde do Ranking Connected Smart Cities. E olha que a lista tem as paranaenses Umuarama em 6º, Pato Branco em 13º, Maringá em 27º, Francisco Beltrão em 34º, Londrina em 56º, Curitiba em 63º, Campo Mourão em 68º e Campo Largo em 75º.
É bem provável – e o estudo destaca que isso foi feito antes – que a posição de Foz do Iguaçu tivesse sido bem melhor se a pesquisa fosse feita logo depois da pandemia, já que os indicadores estão atrelados à oferta de leitos, profissionais qualificados, cobertura de atendimento público no setor e mortalidade infantil, além da oferta de saneamento básico.
De qualquer forma, saúde foi a principal bandeira do então candidato e hoje prefeito, portanto a situação de Foz, anterior à pandemia, deveria ter aparecido melhor no ranking.
Em Educação, outra desagradável surpresa: Foz está fora da lista das 100 melhores. O Paraná como um todo não vai muito bem, mas emplaca União da Vitória em 16º, Pato Branco em 31º (observe como Pato Branco vai bem em praticamente tudo), Curitiba em 39º, Apucarana em 46º, Londrina em 56º e a vizinha Marechal Cândido Rondon em 87º.
Aparece em Empreendedorismo, some em Governança
Em posição modesta (73º lugar), Foz volta a aparecer no ranking das 100 melhores, agora em Empreendedorismo. Antes de Foz, estão as paranaenses Curitiba (5º), Maringá (24º), Cascavel (34º), Londrina (42º), Guarapuava (47º) e Ponta Grossa (52º). Abaixo de Foz, estão Araucária (81º) e Pato Branco (93º).
Se foi mal em Saúde e Educação, por exemplo, parece óbvio que Foz do Iguaçu está de fora do ranking dos 100 melhores municípios em Governança, que considera os gastos municipais com saúde, educação, segurança e urbanismo e a posição da cidade no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal.
Em Economia – já ficou até cansativo repetir -, Foz está fora da lista das 100 melhores cidades. Estão na lista, pela ordem decrescente, as paranaenses Curitiba, Maringá, Almirante Tamandaré, Londrina, São José dos Pinhais, Cascavel, Paranavaí, Pinhais e Ponta Grossa.
Em Segurança (não é possível!), Foz não aparece entre as 100 melhores. Com todo o policiamento federal, estadual e até municipal, a cidade não se destacou em nenhum item referente à segurança, que inclui número de policiais por habitantes, monitoramento de áreas de risco e investimentos no setor.
Resumo de todas as análises…
Foz do Iguaçu precisa melhorar em Mobilidade e Acessibilidade; está razoavelmente bem em Urbanismo; tem que melhorar no item Meio Ambiente, em Tecnologia e Inovação… Mas já deveria estar melhor em Saúde, Educação, Segurança.
Ressalve-se que a pesquisa não considerou o atendimento de saúde na pandemia, em Foz – e certamente a situação da cidade estaria melhor.
Mas em Educação, fora da lista das 100 melhores? Em Segurança? Parece inconcebível. Também é duro de engolir que esteja fora em Tecnologia e Inovação, tendo Itaipu, o Parque Tecnológico Itaipu e boas intenções pra todo lado.
… e um recado aos candidatos
Como tem eleição logo ali, os candidatos devem por obrigação conhecer a fundo os problemas da cidade. E apresentar soluções viáveis. Sem extrapolar nos sonhos, porque na vida pós-pandemia Foz ainda vai enfrentar carências em tudo – inclusive em dinheiro público.
A solução é ter um bom relacionamento com a Itaipu Binacional e com os governos estadual e federal, para obter o que for possível de ajuda pra melhorar nos itens em que Foz deveria aparecer entre as 100 melhores.
Aos candidatos: acessem o estudo e planejem um governo que contemple as deficiências e mantenha o que há de melhor.
O link é este: ranking connected smartcities
Comentários estão fechados.