
Beber muita água no calor é uma das principais orientações de profissionais da saúde. O que parece fácil para qualquer pessoa é um verdadeiro desafio para quem vive nas ruas de Foz do Iguaçu.
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O H2FOZ percorreu três regiões de grande circulação de pessoas em situação de rua, ouvindo essa população e comerciantes do entorno. Não há bebedouros disponíveis com água potável e gelada.
A reportagem esteve, nesta semana de dias muito quentes, na Praça da Bíblia, na região do Jardim São Paulo, próxima ao Centro Pop. Essa estrutura pública é voltada para o atendimento dessa população.
Percorreu também a praça da Avenida Mário Filho, no Morumbi, na Região Leste, e passou pela área entre a Praça da Paz, na Avenida JK, e a sede do Ministério do Trabalho, nas avenidas Brasil e Jorge Schimmelpfeng, no centro.
Na Praça da Bíblia, havia cerca de 40 pessoas em situação de rua, sob a sombra das árvores, mesas e calçadas do local. Tudo para tentar driblar o calor que superava os 35°C.
As pessoas em situação de rua disseram que só podem ficar no Centro Pop até as 15h e que o próprio espaço estava sem água havia cinco dias. Também reclamaram da sujeira no banheiro da praça, reconhecendo que são os próprios usuários que não contribuem para mantê-lo limpo.
Água? O ponto mais utilizado era um estabelecimento comercial perto da Praça da Bíblia, mas o proprietário começou a restringir o acesso devido ao grande número de pessoas. Um bebedouro na praça, disseram, ajudaria na hidratação.
Já na Avenida Mário Filho, o número de pessoas em situação de rua é menor. Elas permanecem durante o dia na praça e, à noite, dormem sob a fachada de estabelecimentos, principalmente em um dos comércios próximos – autorizados pelos donos, afirmaram.

A fonte de água gelada é o CRAS, que fica nas imediações, ou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro. Mas, como o volume de água é para um tempo maior de consumo, o produto fica fora da refrigeração e esquenta com o tempo nos recipientes.
Praça da Paz
Local de grande fluxo de pessoas em situação de rua, o trecho entre a Praça da Paz e a frente do Ministério do Trabalho também não é mais amigável para quem busca hidratação. As dificuldades para obter água se repetem.

A crítica é que o banheiro da Praça da Paz possui bebedouros, mas só são abertos durante eventos culturais ou sociais. O H2FOZ registrou a estrutura fechada com cadeado e, do lado de fora, o sol escaldante.

Sem água fácil para beber, um homem, aos seus trinta e poucos anos, disse à reportagem que o jeito era refrescar-se no espelho d’água. Esse elemento da engenharia emoldura o painel da praça pública que exalta as belezas de Foz do Iguaçu, a cidade que se mostra como um cartão-postal.
Outro lado
A reportagem enviou questionamentos à prefeitura sobre a falta de bebedouros públicos para aliviar o calor de Foz do Iguaçu, no último dia 5. Também questionou como o serviço de atendimento atua para assegurar a hidratação da população em situação de rua.
Indagou ainda sobre o estado de asseio do banheiro da Praça da Paz, o horário de permanência no Centro Pop e se houve falta de água no local. Também perguntou sobre os bebedouros trancados na Praça da Paz.
A administração ficou de responder às indagações. Quando as respostas chegarem, serão informadas ao leitor.
Se a prefeitura instalar ou disponibilizar bebedouros e banheiros públicos todos já sabem qual será o destino destes equipamentos em pouco tempo e nenhum cidadão conseguirá usá-los, vide o ocorrido na Praça da Bíblia. Quando não é falha de manutenção são os próprios usuários que vandalizam tudo. Assim fica difícil.