Dita a tradição que São Francisco de Assis morreu nesta data, em 1226, por isso o dia 4 de outubro rende homenagens ao santo que empresta o nome ao atual papa da Igreja Católica. Em torno da sua história, são enredadas referências à humildade e ao altruísmo, de paz e proteção da natureza, principalmente dos animais.
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São alusões explícitas na imensa imagem que dá boas-vindas a quem entra no Morumbi pela Avenida Mário Filho, uma das principais do bairro. A região, uma das maiores e mais populares de Foz do Iguaçu, comparável a uma cidade, é resultado da explosão de crescimento e desigualdades sociais decorrentes da construção da Itaipu Binacional nos anos 1970.
Na praça pública do local que já integrou o Rincão São Francisco, o “Chicão”, a obra artística elaborada por Giovanni Vissotto tem sete metros de altura e está sobre uma base de três metros. São Francisco de Assis guarda nas mãos duas pombas brancas, e junto a ele estão um veado e um quati, que remetem à fauna do Parque Nacional do Iguaçu, segundo o artista.
A opção pelos pobres, comumente vinculada ao santo, está expressa nos detalhes da obra. Do olhar piedoso que fita o horizonte às mãos grandes de trabalhador; das vestes simples às sandálias comuns. Esses contornos existem porque Giovanni, ao fazer a arte, renunciou à estética europeia que retrata o santo e buscou inspiração em um homem do lugar.
As imagens oficiais da igreja eram muito distantes da vida do “povo trabalhador e humilde”, contou o artista ao H2FOZ, em 2019, quando realizou a primeira e única revitalização da imagem. Sendo assim, de onde vem o lampejo que deu forma ao São Francisco de Assis da praça pública do bairro Morumbi?
Da mesa de bar, revelou Giovanni Vissotto. “Estava em bar aqui perto da estátua e avistei o seu José, que se parecia muito com São Francisco, mas tinha a fisionomia da gente daqui”, rememorou. “Não titubeei, paguei uma pinga a ele e o retratei ali mesmo, no bar”, resgatou o escultor – autor de inúmeros trabalhos em Foz do Iguaçu e cidades do Paraná.
Cidadão José
O seu José – que hoje até poderia ter alguma relação com o “cidadão José” dos Racionais – foi um dos pioneiros do bairro e carpia lotes dos vizinhos para sobreviver. Suas mãos eram grandes, ele tinha barba e usava chinelo de dedo. “Vi nele São Francisco de Assis e assim retratei um ‘santo vivo’, identificado com o povo que mora no bairro”, contou Giovanni Vissotto.
São Francisco, da Mário Filho
Inaugurada em 2000, a imagem de São Francisco de Assis foi depredada. Depois de um jogo de empurra quanto à responsabilidade da conservação, entre prefeitura e igreja, a obra foi restaurada por Giovanni Vissotto, por dentro e por fora, já que a escultura é oca, permitindo retornar à originalidade.
O monumento recebeu reparos para ter maior resistência às intempéries da natureza, como sol e chuva.
ambém resistirá melhor a trepidações decorrentes do trânsito da avenida. A revitalização custou ao erário R$ 86 mil e está disponível para a visitação pública, de moradores e turistas, na Avenida Mário Filho, no Morumbi.
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