Apropriação Cultural

Assunto espinhoso que pede mais que apenas um simples debate.

Algum tempinho atrás vimos nas redes a notícia de uma estudante japonesa de 13 anos que ganhou o campeonato mundial online de capoeira. A competição consistia em enviar um vídeo com os movimentos para serem avaliados por uma banca de especialistas. Não houve participação de brasileiros. Isso não é novidade já que a maior federação de capoeira do mundo hoje é uma criada nos Emirados Árabes. Tal fato apenas reforça a necessidade de valorizarmos nossa cultura e tradição, pois se não o fizermos, outros farão e tomarão para si.

Neste mesmo período, outra notícia ocupou as redes: a de uma adolescente brasileira de 13 anos que ganhou o campeonato mundial online de karatê. Um “quiproquó” cultural. Ou seria um tema sobre apropriação cultural?

A apropriação cultural – segundo a Wikipédia, “ocorre quando uma cultura adota elementos específicos de outra cultura”. “Estes podem ser ideias, símbolos, artefatos, imagens, sons, objetos, formas ou aspectos comportamentais que, uma vez removidos dos seus contextos culturais originais, podem assumir significados muito divergentes”.

Evidentemente num mundo globalizado isso cada vez torna-se tendência. Apenas precisamos perguntar antes de qualquer coisa, quem lucra?

Ano passado a DC Comics anunciou sobre o futuro dos seus principais heróis e heroínas. Uma nova versão da Mulher-Maravilha foi apresentada, será Yara Flor, uma indígena brasileira da floresta amazônica. As grandes produtoras e editoras estadunidenses investem nessa receita, a de “criarem” suas narrativas e roteiros “adaptando” contos e lendas de outras culturas, como Thor, o deus nórdico do trovão, Bast, divindade gato egípcia e Zeus, bem conhecido da mitologia grega, entre outros.

A Disney mesmo não esconde que Branca de Neve e os Sete Anões foi a apropriação de um conto alemão. E mantém ainda os “direitos autorais” e de uso das imagens perto de completar um século de produção cinematográfica.

Enfim, assim como o ouro que os invasores europeus levaram das Américas, o norte permanece usurpando das riquezas do sul, sejam elas metal, artefatos ou mesmo narrativas orais. Eles lucram aqui com aquilo que tomam daqui.

Assunto espinhoso que pede mais que apenas um simples debate.

Enquanto isso não acontece, o debate e algo além, podemos buscar na produção nacional e sul americana conteúdo pop como HQs de divindades regionais.

Em 2016, por exemplo, os paraenses Joe Bennett e Alan Yango publicaram com ajuda de financiamento coletivo o “’Esquadrão Amazônia”. Vale lembrar que Joe Bennett é o nome comercial de Bené Nascimento, que acumula artes bem sucedidas na Marvel e DC e foi contratado para desenhar o prelúdio do confronto entre Batman e Superman,“A origem da justiça”, de Zack Snyder.

Temos ouro em casa. Vamos valorizar.

#Brasil #cultura #produção #apropriação

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