No aniversário de Puerto Iguazú, decepção com a fronteira fechada

Governador da província de Misiones voltou a pedir ao governo nacional reabertura da Ponte Tancredo Neves.

Governador da província de Misiones voltou a pedir ao governo nacional reabertura da Ponte Tancredo Neves.

A vizinha Puerto Iguazú completa nesta sexta-feira, 10, 120 anos de fundação. Pra usar um antigo chavão, “sem muito a comemorar”, porque esperava que o governo argentino atendesse ao pedido de reabertura da fronteira com Foz, o que não foi atendido.

Durante a solenidade de aniversário, no marco de fundação do município, o prefeito Claudio Filippa questionou o governo nacional por não autorizar a reabertura da Ponte Tancredo Neves, como noticia o portal La Voz de Cataratas.

“Rogamos, desejamos e pedimos para ter a possibilidade de caminhar”, disse. Ele afirmou não entender por que não podem ser implantados controles e requisitos “para começar a trabalhar com os irmãos brasileiros”.

O governador da província de Misiones, Oscar Herrera Ahuad, reiterou ao governo o pedido de reabertura da fronteira com Foz, noticia por sua vez o portal El Territorio.

E é um pedido modesto: autorização para a entrada de 800 estrangeiros diariamente, mediante apresentação de testes negativos para covid-19 e também que haja confirmação de reserva prévia para hospedagem em hotéis de Puerto Iguazú.

PRESIDENTE DISSE “SIM”

A reivindicação foi entregue ao presidente Alberto Fernández em 24 de agosto, quando ele esteve no Parque Nacional Iguazú para lançar um programa de turismo interno.

“O presidente Alberto Fernández disse que sim, que iríamos abrir a fronteira. Ao governador ele disse que sim, a mim me disse que sim”, contou Ahuad ao jornal Clarín, de Buenos Aires. Ele estava “visivelmente irritado”, destacou o jornal.

A alegação do governo é que o turismo representa o risco de ingresso no país de variantes de coronavírus.

Mas o governador da província discorda dessa preocupação. Segundo ele, tanto em Puerto Iguazú como em Foz, o índice de imunização contra a covid-19 é elevado, inclusive com as duas doses de vacinas.

DECISÕES A DISTÂNCIA

Puerto Iguazú: “esquecida” pelas autoridades que vivem na Capital. Foto Laura Cecilia Pastrana/Facebook

Quando fez os protocolos para reabrir Puerto Iguazú ao turismo, o governo de Misiones imaginava conquistar pelo menos uma fatia dos milhares de turistas que chegam diariamente a Foz, vindos de São Paulo e Rio de Janeiro, explicou o jornal Clarín, lembrando que enquanto do lado de cá da fronteira há uma média de 30 voos diários, no lado argentino há apenas três voos comerciais.

“Demos todas as garantias sanitárias para se ter um corredor seguro. Há um desconhecimento sobre a realidade dos povos que estão a 1.500 quilômetros de Buenos Aires”, afirmou o governador.

Ahuad também criticou o plano do governo nacional de abrir a Ponte Tancredo Neves somente para os argentinos que queiram voltar e por questões humanitárias.

“Nos pedem que avancemos com um corredor seguro para repatriados, mas nós já fizemos essa experiência no ano passado, quando entraram por essa ponte 40 mil argentinos no auge da pandemia, quando nem se tinha informação”, lembrou.

A distância do centro de decisões sobre a abertura ou não da fronteira também foi destacada pelo presidente da Câmara de Comércio de Puerto Iguazú, Joaquín Barreto.

“Uma vez mais a Nação dá as costas à província. Quem toma decisões são pessoas sentadas em poltronas a 1.500 quilômetros. Não lhes importa as pessoas de Iguazú”, afirmou ao Clarín.

O presidente do sindicato de trabalhadores hoteleiros e gastronômicos, Héctor Lugo, também faz sua crítica ao governo: “Nos iludiram com a reabertura da fronteira e não passou de uma vil mentira”.

E o presidente da Câmara de Turismo de Puerto Iguazú, Jorge Bordín, pediu que o governo nacional “cumpra com usa promessa e habilite a fronteira entre Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú”.

DE COSTAS

O jornal Clarín foi um dos poucos da capital a noticiar a recusa do governo de Alberto Fernández de reabrir a fronteira.

Outros jornais importantes de Buenos Aires, como La Nación e La Prensa, noticiaram o pedido feito pela província ao presidente, em 24 de agosto, mas nada mais foi publicado depois disso.

É mais ou menos como acontece no Brasil. A grande imprensa raramente traz notícias sobre regiões de fronteira, distantes dos centros de decisão.

A possibilidade de reabertura da fronteira Foz-Puerto Iguazú, por exemplo, ganhou pouco espaço na mídia nacional.

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