Marcha à ré: Argentina pode desistir de reabrir fronteiras nesta segunda, 6

Seria “por questões sanitárias”, conforme o jornal uruguaio El País. Fronteiras reabririam com Uruguai e Chile.

Seria “por questões sanitárias”, conforme o jornal uruguaio El País. Fronteiras reabririam com Uruguai e Chile.

Se há assunto que gera polêmica, mas ao mesmo tempo pouca coisa se lê na imprensa argentina, é a reabertura das fronteiras.

O que foi escassamente divulgado, até agora, é que as fronteiras da Argentina com o Chile e o Uruguai seriam abertas, progressivamente, a partir de um projeto-piloto que seria implantado nesta segunda-feira, 6.

O jornal El País, do Uruguai, noticia, no entanto, que o setor de Migrações argentino decidiu, nas últimas horas, manter as fronteiras fechadas, conforme fontes consulares contaram ao jornal.

E o jornal chileno El Mercurio diz que a intenção das autoridades argentinas, de reabrir a fronteira, é recebida com ressalva elas autoridades chilenas.

Nas províncias autorizadas a receber turistas – Mendoza, fronteira com o Chile -, Córdoba e Salta ainda não receberam do governo o protocolo sanitário para saber como vai funcionar o projeto-piloto.

O que há, por enquanto, são dúvidas, expostas por El Mercurio: “Quem poderá entrar ou sair? O que se pedirá para os ingressos respectivos em matéria epicemiológica? Que acontecerá com os vizinhos que vivem em Bariloche e têm parentes no Chilee vice-versa e desejam visitar-se? Será decretada uma quarentena obrigatória para os visitantes?

Isso tudo, diz o jornal, ainda é preciso ser resolvido e acordado entre as chancelarias dos dois países e os responsáveis pela Saúde Pública.

Destaque no jornal uruguaio El País.

QUESTÕES ECONÔMICAS

Não são apenas as condições sanitárias que pesam contra a reabertura de fronteiras. A economia também.

Diz El Mercurio que “os destinos turísticos argentinos consideram auspiciosa a chegada de visitantes transandinos, mas são vários os empresários e comerciantes chilenos que não veem com bons olhos” a possibilidade de chilenos gastarem seu dinheiro no exterior, em meio à crítica situação econômica provocada pela pandemia.

No Uruguai não é diferente. Segundo o jornal El País, o anúncio da reabertura da fronteira com a Argentina “provocou uma catarata de consultas de compatriotas que pretendiam viajar a Buenos Aires a turismo”, aproveitando a situação cambial favorável, com a desvalorização do peso argentino.

Mas quem menos gostou da ideia foram os prefeitos e comerciantes dos municípios fronteiriços. Haveria uma debandada de consumidores uruguaios rumo ao país vizinho, pra encher o tanque do carro, comprar roupas e comestíveis, já que os preços estão em média 34% mais baixos que no Uruguai.

O prefeito de Río Negro, Omar Lafluf, contou que, enquanto os uruguaios não podiam atravessar para o outro lado, o comércio do município teve um incremento de 8% nas vendas.

O jornal La Nación, da Argentina, reproduziu parcialmente a reportagem de El País, citando comentários dos prefeitos uruguaios.

Citou, também, o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou, que reconheceu o problema da diferença cambial e preços mais baixos na Argentina.

Segundo o presidente, “quando alguém olha o tipo de câmbio na Argentina e no Brasil, (nota que) naturalmente têm preços mais baratos, e isso pode chegar a gerar algum prejuízo”.

O CONTRÁRIO

Aliás, é a mesma situação da província de Misiones, onde fica Puerto Iguazú. O governador Oscar Herrera Ahuad tem sérias reservas contra a abertura da ponte que liga Posadas a Encarnación, no Paraguai.

Embora também alegue questões sanitárias, o que o governador gostaria é que tudo ficasse como está, isto é, que os argentinos não possam atravessar a fronteira pra comprar no comércio paraguaio, esvaziando o comércio de Misiones.

A fronteira fechada trouxe mais investimentos, aumentou a arrecadação e também o dinheiro em circulação na província.

Menos em Puerto Iguazú, que vive do turismo e depende muito dos visitantes brasileiros, inclusive dos moradores de Foz do Iguaçu e região.

E é por isso que o governador pediu ao presidente Alberto Fernández que a Ponte Tancredo Neves seja liberada, mediante protocolos que a província apresentou ao governo nacional e estão sob análise.

ATRASO

Com ou sem os problemas apresentados, uma hora ou outra as fronteiras desses países voltarão a funcionar como antes da pandemia.

Mas não há um prazo. O governo de Alberto Fernández, no momento, está bem mais preocupado com as eleições legislativas, marcadas para o próximo domingo, dia 14.

Depois das eleições, certamente o assunto fronteiras terá maior destaque na imprensa argentina, inclusive na agência de notícias oficial do governo, a Télam.

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