O mês chama a atenção para os acidentes e mortes no trânsito e o Sesi Paraná tem estudo inédito no Brasil para diminuir os acidentes de trajeto
Há oito anos, o movimento Maio Amarelo foi lançado para fomentar ações entre o poder público, privado e sociedade civil para discutir a segurança viária para reduzir os acidentes e mortes no trânsito. A Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu maio por ter sido quando foi definida a Década de Ação para Segurança no Trânsito, em 2011. Assim como nos semáforos, o amarelo vem para chamar a atenção para o tema.
Cerca de um a cada cinco acidentes de trabalho registrados por ano no Brasil – são 500 mil no total – ocorre no trajeto casa-trabalho-casa. Ou seja, mais de 100 mil acidentes por ano, abrangendo as diversas modalidades de transporte. Nesses índices, há um número elevado de vítimas fatais, de afastamentos por lesões e de aposentadoria por invalidez, que afetam diretamente o desenvolvimento humano e social do país, além do funcionamento do setor produtivo.
Foi por isso que o Sesi Paraná, em parceria com o Centro Internacional de Formação de Autoridades e Líderes (CIFAL Curitiba) e o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), realizou o estudo “A Caminho do Trabalho: uma pesquisa sobre acidentes de trajeto no setor industrial do Paraná”. O objetivo é mapear informações para instrução de diretrizes e políticas de redução dos acidentes de trajeto.
A pesquisa foi lançada em maio de 2021 e durante nove meses, gestores de 215 empresas (64% delas de médio ou grande porte e 35% micro ou pequenas), localizadas em 60 municípios do Paraná, responderam a um questionário abordando os modos de transporte utilizados na companhia, uso de empresa terceirizada de transporte, números e características das vítimas e dias de afastamento relacionados a acidentes de trajeto ocorridos com os colaboradores. Também foram avaliadas, informações sobre políticas das empresas e eventual realização de campanhas de sensibilização.
Os resultados trouxeram dados relevantes:
• O índice de acidentes de trajeto é 77% maior em empresas que não realizam ações de sensibilização.
• O automóvel é o principal meio de transporte utilizado nos trajetos casa-trabalho-casa.
• Os trabalhadores que utilizam moto se acidentam três vezes mais do que quem vai de carro e 30 vezes mais do que quem utiliza ônibus.
• Jovens, homens, entre 20 e 29 anos, estão entre as principais vítimas.
• Colaboradores com menos tempo de empresa estão associados a um maior número de acidentes de trânsito.
• Empresas de menor porte têm taxa maior de acidentes por colaborador.
Além dos dados, a pesquisa aponta caminhos para diminuir os índices:
• Realização de campanhas de sensibilização, principalmente com foco em colaboradores mais jovens, do sexo masculino e com menos tempo de empresa.
• Suporte e orientação para micro e pequenas empresas no desenvolvimento de ações de sensibilização.
• Incentivo à oferta de sistema de transporte coletivo por ônibus.
• Incentivo ao uso do transporte público.
• Ações de sensibilização voltadas para motociclistas e ciclistas.
• Estímulo e/ou facilitação do acesso à vestimenta retrorreflexiva para ciclistas e motociclistas.
• Estímulo ao uso de adesivos retrorreflexivos nas motocicletas, bicicletas e capacetes.
• Estímulo ou facilitação de acesso de capacetes aos ciclistas.
• Realização de iniciativas de orientação às empresas para o registro de informações sobre acidentes.
• Alternância entre jornadas presencial e remota para os casos em que não há prejuízo laboral.
“O primeiro ponto e mais importante da prevenção é a vida, a integridade física do trabalhador e o que pudermos fazer para contribuir é muito importante”, disse Carlos Valter Martins Pedro, presidente do Sistema Fiep na live de lançamento da pesquisa.
Mauro Gil, vice-presidente do ONSV, enfatizou que a segurança viária não é um problema apenas da indústria, mas de toda a sociedade. “Essa pesquisa é inédita, contemporânea e levantou uma série de informações importantíssimas, que vão referenciar novas ações. O Observatório fica muito feliz de poder, junto com o Sesi Paraná, Cifal Curitiba e Universidade Federal do Paraná, apresentar à sociedade mais um instrumento de verificação que temos que ter com a segurança viária”, afirmou.
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